Pelo bem do futebol brasileiro, o Fluminense não deveria ser
beneficiado pelo erro da Portuguesa.
O
julgamento da Portuguesa no STJD beneficiou o Fluminense, que acabou mantido na
elite do futebol brasileiro em 2014
O
julgamento da última segunda-feira no STJD trouxe de volta tempos sombrios, que
se imaginava que o futebol brasileiro teria superado. As alterações dos
resultados em campo das competições sempre foram muito prejudiciais para a
imagem do nosso futebol.
Ao
longo da história no Brasil foi criada a tese de que clube grande não era
rebaixado. Na década de 90 e início dos anos 2000, o Brasil vivenciou muitas
viradas de mesa no Campeonato Brasileiro. Entretanto, em 2002, com a queda do
Palmeiras e do Botafogo e em anos seguintes com o rebaixamento de grandes
clubes como Grêmio, Atlético-MG, Corinthians e Vasco da Gama, foi possível
mudar esse cenário e moralizar nossas competições.
No
mesmo período foi consolidado o formato de disputa e com isso os clubes
evoluíram muito em receitas. O respeito às regras pré-estabelecidas e uma
temporada de janeiro a dezembro contribuíram muito para o desenvolvimento do
futebol no Brasil. O aumento de jogos
transmitidos pela TV, especialmente em Pay Per View, e das receitas com
patrocinadores foram consequência direta do novo ambiente que construímos ao
longo dos anos.
Por
isso, o rebaixamento da Portuguesa e a manutenção do Fluminense na Série A em
2014 mancham novamente a imagem do futebol brasileiro. Se a Portuguesa cometeu
um erro, deve ser punida. Vale a análise de má fé ou apenas erro, que deve ser
feita por especialistas no assunto.
Mas
pelo bem da marca do futebol brasileiro, o Fluminense não deveria ser o clube
beneficiado pelo julgamento da Portuguesa. Mesmo com o erro do time paulista, a
equipe carioca deveria jogar a Segunda Divisão. O regulamento da competição não
deveria permitir que uma equipe se beneficie fora de campo por um erro de outro
time.
O
tapetão passa a mensagem para o mercado patrocinador e opinião pública que o
futebol brasileiro não é sério, que não respeita suas regras.
Somado
a esse tema, terminamos o campeonato com cenas de selvageria na TV para todo o
mundo entre torcidas organizadas. Este lamentável fato retirou do Vasco da Gama
R$ 7 milhões anuais com a rescisão do contrato de patrocínio feito pela matriz
da Nissan. Infelizmente, estamos melhorando em alguns aspectos, mas piorando
muito em outros. E o saldo para a marca do futebol brasileiro é extremamente
negativo neste momento.
Amir
Somoggi
São
Paulo (SP)
Foto:
Bruno de Lima/ LANCE!Press
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